O que os clubes noturnos e as universidades têm em comum? Iniciativas africanas e europeias mostram como é possível conduzi-los de forma ecologicamente correta e sensibilizá-los para o uso responsável da energia.
Em setembro de 2008, a primeira balada ecológica do mundo abria suas portas na Holanda. Mas os frequentadores não precisam se preocupar: no Club Watt, em Roterdã, não há código de vestimenta "verde" e nem porções de granola como aperitivo. O importante ali é cair mesmo na festa e – mais do que nos outros clubes – dançar para valer.
Uma pista de dança eletromecânica sob os pés dos frequentadores – sustentada por fortes molas – cede e oscila alguns milímetros de acordo com a movimentação dos dançarinos. Assim como no funcionamento de um dínamo de bicicletas, esse movimento é transformado em energia elétrica. O conceito sustentável do Club Watt lhe rende uma economia de até 30% no consumo de energia, se comparado a uma balada tradicional, e reduziu as suas emissões de CO2 por volta de um terço.
Para que os frequentadores da casa possam ver quanta energia estão produzindo, quanto maior o movimento, mais luz emitem as placas luminosas na pista. Isso também traz, em si, um aspecto pedagógico: ao perceber o quanto é capaz de produzir, uma pessoa é capaz de refletir de forma diferente sobre o tema "energia".
"Proteger o clima deveria ser divertido"
Em Berlim, o clube tecno Tresor abraçou o conceito de eventos considerados climaticamente neutros. O local promove a festa "High Voltage", em que os organizadores calculam o valor das emissões carbônicas emitidas na festa e doam o montante equivalente a um projeto ambiental que economiza o mesmo volume de CO2.
"Proteger o clima deveria ser divertido", sugere Jaap van den Braak da empresa holandesa Sustainable Dance Club (SDC), co-criadora do conceito por trás do Club Watt. Já uma abordagem como a do berlinense Tresor – proteção climática através da compensação de emissões – não condiz com os critérios de sustentabilidade da SDC. "O Club Watt ainda é, pelo que eu sei, a única balada de toda a Europa que realmente pode ser chamada de sustentável", afirma Van den Braak. O projeto de festas climaticamente neutras da SDC foi desenvolvido em parceria com duas escolas superiores técnicas da Holanda: a de Eindhoven e a de Delft. Junto aos clubes, nos quais os estudantes se divertem aos fins de semana, tais escolas superiores são outro fator importante na vida dos jovens. Nelas, também se descobriu que, quando se trata de preservação ambiental, o melhor é ter iniciativa própria. De olho nisso, a Universidade Leuphana de Lüneburg (Alemanha) quer se tornar a primeira instituição de ensino ecologicamente correta do mundo até 2012. Sobre o telhado do seu prédio, já foram instalados sistemas fotovoltaicos para a geração de energia e uma instalação de gás natural possibilita a calefação não somente no campus, como também em um conjunto habitacional vizinho.
Desde 1996, a universidade oferece um curso de Ciências Ambientais. Mesmo na pausa, a proteção climática está sempre presente: "Nós instalamos aparelhos projetores na cantina, que mostram o quanto de energia está sendo gasta naquele momento pelos respectivos prédios da universidade", conta o professor de Química Ambiental, Wolfgang Ruck.
África também quer universidade "verde"
Em Acra, a capital de Gana, a Universidade Valley View também estabeleceu para si uma meta ambiciosa: tornar-se a primeira escola superior ecológica do continente africano. Atualmente, todo o campus já é abastecido com energia proveniente de coletores solares e um reservatório de água da chuva está nos planos da instituição de ensino, que pretende utilizá-la na descarga dos banheiros.
Em outros banheiros, a água será totalmente dispensada: "Primeiramente, isso resolve o problema da escassez de água e, em segundo, os compostos sólidos poderão servir de adubo para a região rural", esclarece Emmanuel Kwandahor, da Valley View.
"A conscientização aumentou"
"No chamado Terceiro Mundo, a proteção climática está frequentemente relacionada a um auxílio prático de desenvolvimento", aponta Richard Brand, responsável por coordenar o setor alemão do Solar Generation, um projeto internacional feito por jovens do Greenpeace. Em Kogelo, no Quênia, o Solar Generation instalou células solares no telhado de uma escola, garantindo energia para laptops.
Dessa forma, os alunos do vilarejo – local onde a avó de Barack Obama vive – puderam enviar um e-mail ao presidente dos Estados Unidos, poucos dias antes do início da cúpula climática realizada em Copenhague, em dezembro de 2009. Nele, os estudantes pediram para que o líder norte-americano se empenhasse mais na preservação do meio ambiente.
O objetivo da Solar Generation não é apenas mostrar aos políticos o seu descontentamento com a forma como a natureza vem sendo usada pelos que controlam o poder, como também conscientizar quanto ao uso de energia. Nesse aspecto, Brand está confiante: "A conscientização entre os jovens de que é preciso se fazer algo contra as mudanças climáticas aumentou claramente nos últimos anos".
Autora: Nele Jensch (mdm)
Revisão: Roselaine Wandscheer